1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas

O papel das emissoras públicas no ecossistema midiático e digital para a promoção da democracia

São Paulo - Brasil | 21 e 22 de Maio

Organização e realização

Coorganização e apoio

Congresso

O 1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas promoverá dois dias de debates sobre o papel das emissoras públicas na prática do jornalismo, na programação cultural e na educação. Estarão presentes representantes de organizações nacionais e internacionais, referências na oferta de um serviço público de comunicação gratuito, de qualidade e independente. O evento pretende:

O papel das emissoras públicas no ecossistema midiático e digital para a promoção da democracia

Neste 1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas da USP, evento que conta com o apoio da Rubra (Rede de Rádios Universitárias do Brasil) e da Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura, de São Paulo), discutimos os percursos e o futuro das estações de rádio e TV nos países democráticos.

Sabemos que na Europa, especialmente nas sociedades que valorizam historicamente os Direitos Humanos, as emissoras públicas mantêm altos índices de audiência e audiência e funcionam como um antídoto contra a desinformação e a propaganda de projetos autocráticos. Em boa medida, observamos cenários análogos nos Estados Unidos. As universidades têm pesos grandes nesses arranjos institucionais, por meio de suas emissoras. Basta dizer que mais da metade das rádios da National Public Radio (NPR), a grande rede pública norte-americana, que reúne emissoras locais e não comerciais dos Estados Unidos, são estações vinculadas às universidades. No Brasil, as emissoras universitárias precisam dar as mãos às emissoras públicas a serviço da sociedade civil para oxigenar e dar mais pluralidade à comunicação social do nosso país.

Por definição, emissoras públicas são aquelas que não têm finalidade comercial e não se subordinam a gestões partidárias, governamentais ou religiosas. Eles são financiados por meio de verbas públicas ou de orçamentos garantidos por legislações públicas e são administrados por conselhos ou conselhos curadores que contam com a participação de representantes da sociedade civil. Isso significa que os canais de televisão e de rádio diretamente controlados pelo Estado não podem ser considerados propriamente públicos.

Em diversas instituições, os arranjos organizacionais são ambíguos. Por exemplo: há modelos de gestão que, embora controlados por órgãos de Estado, buscam fortalecer seus laços com a sociedade, buscando se distanciar do poder público. Há esforços meritórios em diversas instituições. Mas, essencialmente, as melhores emissoras públicas são independentes do governo, do Estado e do mercado.

Isto posto, quais desafios se apresentam para as emissoras públicas, no Brasil e no mundo? As adversidades são numerosas. Diversas organizações tradicionais sofrem pressão para cortar custos. Algumas são cantadas pelos governantes. Outra frente de incertezas surgiu com o advento das plataformas digitais e com a dominância monopolista ou oligopolista das chamadas big techs. Há também a ameaça de perda de vantagem ou de relevância, especialmente junto ao público jovem. Como superar essas adversidades?

Apesar das perguntas sem respostas, não há motivo para pessimismo. Pesquisadores argumentaram que as emissoras públicas nunca tiveram tanta relevância e nunca foram tão indispensáveis ​​para a democracia como agora. Em um momento de polarização e ascensão da extrema direita antidemocrática, as organizações de serviço público cumprem a missão de estimular e garantir o pluralismo com a garantia de acesso à cultura para as populações marginalizadas, o combate ao racismo, a educação de crianças e adolescentes para a cidadania e, sobretudo, com a produção e a veiculação de um noticiário confiável, livre de influências partidárias, religiosas e comerciais.

A crise no modelo de negócios das empresas jornalísticas privadas gerou o fechamento de diversas redações em vários países. Como efeito colateral, aumentando os desertos de notícias. Também por isso, os meios de comunicação apartidários, diversos e independentes se fazem mais importantes do que nunca.

É hora de pararmos para conversar com método e seriedade sobre tudo isso. No Brasil, especialmente, é hora de revigorar os laços de colaboração entre nossos emissores públicos. As rádios e televisões universitárias, fortalecidas por sua independência e complementação, cumprem também um papel fundamental no ecossistema ao democratizar o acesso ao conhecimento científico, estimulam a curiosidade pela pesquisa e pela inovação, e ao produzir programas educativos que moldam cidadãos mais críticos e engajados. Unidas em suas diferenças, as emissoras públicas serão mais atuantes e mais presentes.

painéis

  • Carlos Gilberto Carlotti Junior – Reitor da Universidade de São Paulo
  • Eugênio Bucci – Superintendente de Comunicação Social da USP
  • Fábio Magalhães – Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta 
  • Maria Arminda do Nascimento Arruda   – Vice-Reitora da Universidade de São Paulo
  • Norma Meireles – Presidente da Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA)

O painel reúne profissionais de referência que atuam em organizações de serviço público de comunicação. O objetivo é discutir as atribuições dessas instituições num cenário global marcado pela crescente circulação de desinformação, pelo acirramento da polarização política e por transformações do padrão tecnológico.

Vamos discutir a atuação do serviço público de comunicação não comercial como um espaço de informação confiável e independente; a promoção da cultura e da educação; a convivência entre os diferentes na grade de programação; de que forma assuntos silenciados nas emissoras comerciais podem ganhar visibilidade nas emissoras públicas; como assegurar na prática padrões jornalísticos que fiquem fora do alcance da interferência política das autoridades, de partidos, de sindicatos, de empresas e de organizações religiosas.

O que vamos abordar:
Como combater ativamente a desinformação e fortalecer a confiança do público? Como as emissoras públicas têm atuado para cumprir sua função educativa, promover a cidadania e a cultura, e cumprir o compromisso permanente com a democracia? Quais ações têm adotado e quais resultados têm obtido? Será que as emissoras públicas podem ser o farol de referência de informação no ecossistema digital?

Mediador Marcelo Kischinhevsky Diretor do Núcleo de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

  • Anne Herrberg –  Correspondente da ARD na América do Sul (Associação de Empresas Públicas de Radiodifusão da República Federal da Alemanha) 
  • Caio Quero Diretor de redação da BBC Brasil em Londres 
  • Eneas Carlos Pereira – Vice-Presidente Executivo da FPA – Fundação Padre Anchieta e Diretor de Programação da TV Cultura 
  • Jean Lima – Diretor-Presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
  • Ricardo Sandoval-Palos Editor público da PBS – Serviço Público de Radiodifusão (EUA)

O painel reúne profissionais de veículos com experiências diversas de financiamento, algumas das quais bem conhecidas.
Uma dessas experiências é a da BBC, cuja taxa de licença (license fee) é cobrada de todos os cidadãos e de empresas que têm equipamentos de televisão ou assinam o seu serviço de streaming. O recurso arrecadado vai direto para a organização pública.

Na Alemanha, o sistema público também é financiado por uma taxa mensal paga por cidadãos. Já, nos Estados Unidos, até este momento, as emissoras públicas são mantidas por verbas federais, apoios culturais de corporações e doações voluntárias de cidadãos e fundações privadas. No Chile, a TVN depende de receita de verbas publicitárias. Em Portugal, o financiamento da RTP provém de uma contribuição audiovisual paga na conta de energia e com a venda de espaços de publicidade.

O que vamos abordar:
Qual o melhor formato? O que daria certo no Brasil? Qual o limite da chamada publicidade institucional? Será que o modelo das universidades públicas paulistas, que recebem dotações orçamentárias do Estado mas são autônomas em sua gestão, poderia inspirar um novo padrão de governança para as nossas emissoras públicas?

Mediador Eugênio BucciSuperintendente de Comunicação Social da USP 

  • Erika Pulley-Hayes – Gerente geral WAMU 88.5 FM/ Emissora da rede NPR (EUA)
  • Fábio Magalhães –  Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta – TV Cultura 
  • Pedro Jorge dos Santos Braumann Diretor do Secretariado Técnico do Conselho Geral Independente (CGI) e do Núcleo Museológico e Apoio ao Serviço Público (NMASP) da Rádio e Televisão de Portugal daRTP – Serviço Público da Rádio e Televisão de Portugal 

Angola, Moçambique, Chile e Uruguai têm fortes laços históricos e culturais com o Brasil. Nesta mesa, vamos abordar as convergências e os desafios contemporâneos enfrentados pelas emissoras públicas dos dois continentes e procurar encontrar formas de aproximá-las. Está na pauta o potencial de cooperação e troca de conhecimento entre as emissoras públicas da América do Sul e da África como uma oportunidade de compartilhar estratégias bem-sucedidas e aprendizado com os desafios comuns.

O que vamos abordar:
Como buscar modelos de financiamento sustentáveis e inovadores que garantam independência e relevância na era digital? E como adaptar linguagens e formatos para cativar audiências cada vez mais fragmentadas e exigentes? Qual a responsabilidade do serviço público de comunicação nestes países? Qual a atuação cultural que as televisões e rádios públicas cumprem? Como trabalham para manter e valorizar culturas e línguas de povos originários e afrodescentes? Como colaboram com os esforços de educação formal para seus cidadãos e com o combate à desinformação em seus países?

Angola, Moçambique, Chile e Uruguai têm fortes laços históricos e culturais com o Brasil. Nesta mesa, vamos abordar as convergências e os desafios contemporâneos enfrentados pelas emissoras públicas dos dois continentes e procurar formas de aproximação. Está na pauta do potencial de cooperação e troca de conhecimento entre as emissoras públicas da América do Sul e da África como uma oportunidade de compartilhar estratégias bem-sucedidas e aprendizagem com os desafios comuns.

Natalí Schejtman (mediadora) – Professora da Universidad Torcuato Di Tella, em Buenos Aires

Carlos Muño z – Ex-presidente da SECAN-Mídia Pública (Canal 5 e Canal 8 de Melo, Rádio Uruguai, Rádio Babel, Rádio Cultura e Rádio Clásica) Meios Públicos do Uruguai 

Luiz Roberto Serrano – Coordenador de conteúdo do Jornal da USP e ex-Superintendente da Empresa Brasileira de Notícias – EBN 

Patricio LópezDiretor da Rádio Universidade do Chile

Sergio Marcos David Matusse – Administrador Executivo da Televisão de Moçambique – TVM 

As rádios universitárias exercem um papel estratégico na comunicação pública, na extensão universitária e na formação crítica de estudantes e cidadãos. Neste colóquio, reunindo representantes do Brasil, Peru, Chile e Argentina, serão discutidos os principais desafios enfrentados pelas rádios universitárias na América-Latina, a partir das especificidades culturais, políticas e institucionais de cada país. A mesa propõe um intercâmbio de experiências e a construção de caminhos comuns para fortalecer a presença e a relevância dessas emissoras em contextos locais e regionais.

Marcello Rollemberg (mediador) – Coordenador da Rádio USP e editor de cultura do Jornal da USP –

Adrián Menéndez Valdivia – Presidente da Rádio Internacional Universitária – RIU e Presidente da Rede de Rádios Universitárias do Peru

Noelia Giorgi – Coordenadora de programação e conteúdo da Rádio UNDAV (Universidade Nacional de Avellaneda) e Integrante da Comissão Diretiva da ARUNA (Associação de Rádios Universitárias Nacionales Argentinas)

Norma Meireles Presidente da Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA)

Patricio LópezDiretor da Rádio Universidade do Chile

Este painel vai discutir as estratégias das emissoras públicas de referência para melhorar a produção e a distribuição, inclusive buscando modelos de engajamento eficazes com públicos cada vez mais dispersos. BBC, ARD, PBS, NPR, RFI, RTP e várias outras organizações públicas de comunicação adotaram estratégias para se adaptar às transformações digitais. Antes apenas emissoras de rádio ou televisão, elas expandiram a transmissão de programas para a internet e através de aplicativos próprios de streaming. Também estão nas redes sociais, inauguraram canais digitais e mantêm sites em que interagem com o público e se aproximam da audiência.

O que vamos abordar:
Em um cenário midiático marcado pela fragmentação de audiências, pela ascensão de plataformas digitais e pelas mudanças na forma como as pessoas se informam e se manifestam culturalmente, como as emissoras públicas devem se posicionar? As organizações de serviço público podem ser pontos de equilíbrio e de discussão crítica para o uso da Inteligência Artificial Generativa (IAG) e tecnologias digitais de forma responsável? Como as emissoras públicas podem navegar diante da crescente dependência de plataformas digitais e tecnologias de comunicação controladas por atores externos, buscando alternativas e promovendo soluções locais? Como as emissoras públicas podem se reinventar para atrair de forma criativa as novas gerações, que se informam de maneiras diferentes e utilizam formatos inovadores?

Mediador Álvaro Bufarah Júnior – Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Coordenador do GT de Rádio e Mídia Sonora da Intercom

  • Carlos Muñoz – Ex-presidente da SECAN-Mídia Pública (Canal 5 e Canal 8 de Melo, Rádio Uruguai, Rádio Babel, Rádio Cultura e Rádio Clásica) Meios Públicos do Uruguai 
  • Elcio Antonio RamalhoChefe da redação brasileira da Rádio França Internacional (RFI) empresa do grupo France Médias Monde – RFI 
  • Mirta Lourenço – Chefe de Desenvolvimento de Mídia e Mídia em Emergências – Unesco
  • Ricardo Sandoval-Palos Editor público da PBS – Serviço Público de Radiodifusão (EUA)

É hora de fazer um diálogo crítico sobre a natureza, o financiamento, a governança e a missão das emissoras públicas na América do Sul e África. O painel tratará dos caminhos possíveis para fortalecer a legitimidade e a credibilidade dessas instituições.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 previu a complementaridade entre os sistemas privado, público e estatal. No entanto, falta uma legislação específica para diferenciar as emissoras públicas das estatais. O tema levanta um debate central sobre a autonomia editorial e a real capacidade dessas instituições de servirem ao direito à informação.

O que vamos abordar:
Como fazer quando alguns vínculos com governos são inevitáveis? Isso pode dar certo? A cultura política nesses dois continentes compreende a razão pela qual as emissoras públicas só prosperam com independência? Como as emissoras públicas ou estatais se desenvolveram nesses países? Como a governança pode ser estruturada para assegurar autonomia e compromisso com o interesse público? Quais modelos de financiamento (além do puramente estatal) podem garantir independência, ainda que incipiente, e a sustentabilidade a longo prazo? Como garantir a transparência nos processos de nomeação de diretores e na gestão dos recursos? Quais mecanismos de controle social e de prestação de contas podem ser implementados?

Mediadora Natalí Schejtman – Universidade Torcuato Di Tella

  • Alonso Millán Zepeda – Director General de Televisión Metropolitana S.A de C.V, Canal 22
  • Maíra Bittencourt – Superintendente de Comunicação da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • Neto de Almeida Júnior Gaspar – Administrador de conteúdos na Televisão Pública de Angola – TPA  
  • Sergio Marcos David Matusse – Administrador Executivo da Televisão de Moçambique – TVM 

O painel de encerramento discutirá como as emissoras de serviço público podem reforçar sua relevância e aprofundar sua conexão com as diversas audiências. Vamos refletir como essas emissoras podem contribuir para a sustentação de democracias e contribuir para formar cidadãos críticos e participantes. São velhas perguntas, que agora exigem respostas novas.

O que vamos abordar:
Será que as instituições públicas cumprem de verdade o papel fundamental de oferecer jornalismo local, regional ou nacional, especialmente em um momento em que diversas redações de jornais encerram atividades e, com isso, crescem os desertos de notícias? Além de fonte de notícia confiável e checada, as emissoras públicas são também espaço de referência de educação e cidadania? O que separa a retórica das emissoras públicas da sua realidade? A atuação local pode fortalecer o vínculo com os ouvintes e telespectadores? Quais estratégias podem ser adotadas para garantir a representatividade de vozes no debate público? Como comunicar valores e fatos de forma eficaz? Quais indicadores de qualidade são relevantes para avaliar o impacto educativo e cultural das emissoras públicas? De que maneiras as emissoras universitárias podem aproveitar a ligação com o conhecimento e a pesquisa para fomentar um diálogo com a sociedade?

Mediadora – Patricia AufderheideProfessora Universitária, Escola de Comunicação – American University

  • Anne Herrberg –  Correspondente da ARD na América do Sul (Associação de Empresas Públicas de Radiodifusão da República Federal da Alemanha) 
  • Caio Quero  Diretor de redação da BBC Brasil em Londres –BBC Brasil 
  • Erika Pulley-Hayes – Gerente geral WAMU 88.5 FM/ Emissora da rede NPR (EUA)
  • Eneas Carlos Pereira – Vice-Presidente Executivo da FPA e Diretor de Programação da TV Cultura 

Arlindo Philippi JuniorChefe de Gabinete da Reitoria da USP
Eugenio Bucci
– Superintendente de Comunicação Social da USP
Fábio Magalhães – Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta
Norma Meirelles – Presidente da Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA)

convidados

Contato

contato-bg

USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Rua da Biblioteca, 21 - Vila Universitária
São Paulo - SP - Brasil

Obrigado!

Mensagem enviada